Histórias interessantes do blog: Flávia: a gostosinha do bairro

 

"Fala, betas. Lembrei de mais uma história betosa aqui. Na pré adolescência tinha uma mina na rua que já mexia com o imaginário de muitos betinhas dali. Flávia era o nome dela.

Ela não era boba, sabia disso, mas fingia cínica demência. Nos anos 80 ainda não havia internet, era de praxe no início da noite nos reunirmos na calçada pra falar de escola, profissão, mulher e da "Flávia."

Nós betinhas telegrafamos tudo dela. Horário de saída e chegada em casa. A roupa que vestia, com quem conversava, etc.

Mapeamos todo o biotipo dela, cabelos, olhos, s3i0s, bvbum, genitália. Tudo perfeito, tudo no lugar e bem desenhado pela natureza.

Quando ela passava fazia de nossas atenções uma passarela. Ela sabia ler nossos olhares, pensamentos, o que desejávamos ao vê-la.

Após o desfile dela, um profundo e demorado silêncio. Um clima de velório. Beta cabisbaixo, beta olhando pro nada, beta em súbita tristeza, beta com olhar lacrimejante. Um beta logo puxava assunto, o outro emendava e assim o grupo retomava a falsa harmonia.

Nós betinhas falávamos sutilmente de nossas angústias, de tão distante éramos do mundo nosso para o da Flávia, do tão trabalhoso seria condições para ter uma mulher como ela.

A Flávia se envolveu com um cara fuleira, mecânico, vivia sujo, falava palavrão. Como que ela caiu na lábia dele nunca sabemos.

Ela teve filho, eng0rdou e acabou com uma geração de betas sonhadores que a queria ter ao menos um dia na cama.

O grupo betoso se dissipou, cada qual foi cuidar da vida. Fica a mensagem de como uma mulher pode mexer e mudar a cabeça de uma geração de betas. Foi ela que nos induziu a falar em grupo das nossas angústias, das tristezas, dos anseios.

Foi ela deu nos deu um norte quanto ao estudo, profissão. A Flávia até hj ocupa o imaginário daquele betas. Depois de mais de 30 anos, ela ainda rende assuntos nostálgicos

Quando os grupos masculinistas falam de mulher, não falam somente dela em si, querem falar tmb de suas angústias, desejos, tristezas.."

Por anônimo 

Grande Abraço!